Professores da rede pública de Planaltina foram espionados pela Abin Paralela
Dois professores de Planaltina foram alvos de espionagem ilegal montada na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Os nomes dos professores Thaís Lopes e Elizândio de Aquino aparecem em um relatório da Polícia Federal sobre o caso.
Thaís dava aulas de história na época da espionagem, e Elizândio de atividades, em Planaltina. Atualmente, ambos lecionam no plano piloto. Thais também foi colaboradora da Rádio Utopia (98,1 FM), emissora comunitária da cidade e Elizândio é ativista da causa indígena. O relatório da PF foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e para a Procuradoria-Geral da República.
A espionagem ilegal, chamada de Abin Paralela, era formada por políticos e agentes de inteligência da Abin, inclusive pela diretoria da agência. Diversas ferramentas tecnológicas eram usadas para espionar os alvos, inclusive o programa First Mile, que pode coletar dados de redes sociais e de chamadas telefônicas, além da localização das vítimas.
A Polícia Federal aponta o envolvimento de Jair Bolsonaro, do filho dele, Carlos Bolsonaro, e do ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, na organização criminosa. O caso será julgado pelo Supremo caso a PGR ofereça denúncia contra os envolvidos.
A Utopia publicou uma nota de repúdio sobre o caso. Confira a íntegra do texto:
NOTA DE REPÚDIO
A Utopia FM, rádio comunitária de Planaltina, no Distrito Federal, vem a público repudiar a espionagem da professora Thais Lopes Rocha, servidora da Secretaria de Educação do Distrito Federal, e que por muitos anos integrou os quadros desta emissora e até os dias atuais se mantém como uma importante parceira dos projetos realizados.
Thais Rocha, que leciona aulas de história na rede pública de ensino, foi um dos alvos do esquema de vigilância ilegal montado na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo de Jair Bolsonaro. A chamada Abin Paralela, usou a estrutura do Estado para espionar Thais e o marido, o também professor Elizândio de Aquino Marinho, ativista da causa indígena.
Somente um governo autoritário volta seus recursos técnicos e financeiros para perseguir professores e lideranças comunitárias da periferia da capital do país. A Utopia, assim como seus integrantes, mantém a posição de se opor ao autoritarismo, denunciar perseguições, desigualdades e por meio da educação e promoção da cultura, esclarecer a sociedade sobre práticas antidemocráticas.
A história da emissora é repleta de perseguições, desde a década de 90, seja pelo poder público distrital ou federal, mas por meio de suas parcerias e ações, contorna o cenário e continua apoiando seus integrantes e denunciando práticas abusivas.
Atenciosamente,
À Direção da Utopia FM
Da redação