Exposição em Planaltina visa valorizar identidade do povo negro com representações da mitologia grega
Será aberta nesta sexta-feira (16/05) no Museu Histórico e Artístico de Planaltina a exposição Belx Pretx – uma poética mitológica, em que o fotógrafo Luíz Roberto Moreira propõe uma revisitação visual e simbólica ao panteão da mitologia grega, porém apresentando corpos negros como encarnações contemporâneas de deuses e deusas clássicos. Realizada com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do DF (FAC/DF), a mostra permanece aberta até 15 de junho e a entrada é gratuita.
São 20 fotografias, entre elas um tríptico – a Perséfone –, distribuídas cuidadosamente por cinco núcleos com representações de 18 divindades. Os modelos que encarnaram essas figuras farão, aliás, um desfile, devidamente caracterizados na noite de abertura, às 20h.
Por meio de um trabalho sensível e potente de representação, os modelos fotografados transcendem o papel de personagens mitológico e se tornam arquétipos de força, sabedoria, desejo, fúria, beleza e transformação, cercados por tecidos etéreos e envolventes que remetem à antiguidade e à ancestralidade africana.
Segundo o curador, Claudio Bull, não há nessa mostra uma tentativa de mimetizar o corpo clássico branco europeu; ao contrário, a curadoria coloca em suspensão os padrões eurocêntricos ao eleger corpos negros para ocupar os tronos do Olimpo. “As imagens, feitas com delicadeza e intenção, são registros de presença: corpos que se apresentam cobertos por tecidos em tons de verde-oliva, marrom terroso, bege pérola, azul profundo e branco translúcido. A paleta cromática evoca a natureza, a terra, o mar e o éter”, explica.
Seguindo essa ideia, Zeus é um relâmpago envolto por um panejamento de tom bege perolado e translúcido, entremeados por pontos dourados que irradiam beleza sobre a pele; Afrodite aparece em uma lufada de ar e névoas brancas, adornada por uma vestimenta de um amarelo suave e detalhes dourados; Hades é uma figura imponente, envolta em matizes ricos de marrom, que exala uma aura de poder.
As deidades retratadas não são representações de um ideal clássico europeu. Elas encarnam o divino através de uma estética insurgente. Como nos lembra Bell Hooks, o corpo negro é, também, espaço de cura e de poder, e não apenas objeto do olhar “A ação desta exposição é um gesto de reconquista simbólica: o Olimpo agora fala também em iorubá, em crioulo, em português sincretizado”, completa Claudio Bull.
Belx Pretx – uma poética mitológica convida o espectador a confrontar o que considera sagrado, belo, poderoso. Ao fim, resta uma pergunta: se todas as divindades fossem negras, de que maneira transformariam o mundo que os admira? Esta exposição é um
convite à reconexão com a imagem divina que habita em cada um de nós, em toda a sua pluralidade e potência.
SERVIÇO:
Belx Pretx – uma poética mitológica – exposição de fotografias de Luíz Roberto Moreira
Local: Museu Histórico e Artístico de Planaltina Endereço: Setor Tradicional Q 57, 1, Praça
Salviano Guimarães, 24 – Planaltina.
Data de visitação: de 17 de maio a 15 de junho (quarta a domingo, das 9h às 12h e de
14h às 17h)
Abertura: dia 16 de maio (sexta), às 20h Entrada franca
C.I. Livre
Redes sociais: @belx_pretx