Menos transformação, mais identidade: como a Geração Z encara o envelhecimento
Com mais de 571 mil aplicações em um ano, Brasil lidera tendência de tratamentos contra rugas entre jovens
A busca pela beleza vive um novo capítulo. Menos bisturi, mais agulhas finas, lasers e sutilezas: é assim que a geração Z, composta por jovens nascidos entre meados dos anos 1990 e 2010, está moldando o mercado global de estética, que hoje movimenta bilhões de dólares ao redor do mundo. A preferência por procedimentos minimamente invasivos e com efeitos naturais vem ditando novos rumos — especialmente no Brasil, um dos líderes mundiais em tratamentos estéticos.
“Essa geração quer resultados rápidos, discretos e que não comprometam sua expressão ou individualidade”, diz Melissa Brum, especialista em harmonização facial. “A naturalidade virou o novo luxo.”
Segundo relatório da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps), mais de 571.117 mil aplicações de toxina botulínica foram realizadas no Brasil em um ano, o que representa 47,7% dos procedimentos minimamente invasivos no país. Popularmente conhecido como botox, o composto lidera a lista dos tratamentos preferidos por quem deseja prevenir ou suavizar rugas de forma segura e eficaz.
Os dados se alinham aos resultados de um estudo global da Merz Aesthetics, empresa dedicada à medicina estética, divulgado durante o Congresso Internacional de Dermatologia, Cirurgia Estética e Plástica, realizado em Paris. Foram entrevistados 15 mil adultos de todo o mundo, incluindo brasileiros. A pesquisa revela uma crescente aceitação desses procedimentos entre os jovens, impulsionada sobretudo pela presença massiva de conteúdo nas redes sociais.
Termos como “baby botox”, bioestimuladores de colágeno, peelings químicos e lasers fracionados circulam em vídeos virais no TikTok e no Instagram, acumulando milhões de visualizações. Estudos indicam que 66% dos jovens da geração Z já se depararam com conteúdos sobre procedimentos estéticos online, o que contribui para a rápida normalização dessas práticas.
Mas nem tudo são likes e resultados imediatos. Brum alerta que, apesar de ser considerada segura, a toxina botulínica tem contraindicações importantes — como doenças autoimunes, distúrbios de coagulação, inflamações ativas, alergias aos componentes, além de gravidez e lactação. A avaliação com um profissional qualificado é essencial.
No centro dessa transformação estética está também um discurso de autocuidado e liberdade. Ao contrário de gerações anteriores, que buscavam transformações radicais, a geração Z opta por pequenas melhorias que reforcem sua identidade em vez de moldá-la. “Hoje, o desejo não é parecer outra pessoa, e sim a melhor versão de si mesmo”, afirma a especialista.
Enquanto os padrões de beleza se tornam mais diversos e fluidos, o mercado acompanha a tendência com inovação e agilidade. Resta saber como essa geração continuará a influenciar e desafiar — os limites entre estética, saúde e autenticidade.